quinta-feira, 26 de agosto de 2010

O desempregado e o trote que saiu pela culatra

Já fazia duas semanas que ele folheava os classificados do jornal. Às vezes circulava algum anúncio, mas nunca conseguia nada na área de comunicação em que era formado.


Desesperançoso, estava quase jogando fora o jornal quando a foto grande e a manchete chamativa fizeram ele voltar a ler a reportagem que falava sobre a onda de falsos sequestros. Depois que terminou de ler, uma ideia de súbito surgiu-lhe à mente. Era algo aparentemente simples, afinal a própria reportagem trazia passo a passo (quase como um guia) o que os bandidos faziam. Era só imitar, não tinha muito segredo. Como estava sem internet para fazer uma pesquisa “mais aprimorada” da primeira vítima, pegou a lista telefônica mesmo, colocou o celular em “modo confidencial” e ligou a cobrar para o número em que o dedo apontou. No nervosismo, nem prestou atenção no nome da pessoa, foi logo ligando. Depois da musiquinha conhecida, a voz irritante de uma adolescente atendeu:

- Quem?

Nesse momento ele estremeceu, não sabia o que dizer. Correu os olhos para a lista telefônica e tomou um susto, nunca tinha visto um nome tão estranho como aquele (Härmmstern Thyrrsten), então pronunciou do jeito que entendeu e foi direto ao assunto.

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segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Relacionamentos modernos

Hoje a frase de uma amiga me fez pensar na superficialidade das coisas. Houve um tempo que as relações eram mais verdadeiras, mais profundas. A gente gastava mais tempo com as pessoas, cultivando amizades, sim, porque se dedicar a alguém exige tempo e dá trabalho, muito trabalho. Tanto, que normalmente a gente resolve deixar pra depois. Primeiro, estuda, passa no vestibular, se forma, tem uma profissão, trabalha muito, bajula o chefe para ser promovido, daí casa para não ficar sozinho e de repente nascem os filhos, os netos. A gente se aposenta. Então essa é a melhor idade, hora de viajar, aproveitar e curtir a vida. E assim vai... e assim vamos empurrando com a barriga semi-relações.

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domingo, 1 de agosto de 2010

A mensagem

Era um desses dias indecisos – em que o céu não se decide entre o azul anil ou o esbranquiçado das nuvens leves e que não consigo optar entre nhoque bolonhesa ou macarrão ao molho branco – quando você resolveu reaparecer na minha vida. Enquanto a atendente bate o pé ansiosamente com a caneta na mão esperando meu pedido, o toquezinho insuportável e inconfundível do celular emprestado que uso até o meu sair do conserto anunciava que de duas uma: ou minha operadora mandava uma super e interessante mensagem com propaganda de algum serviço inútil ou alguém, de fato, enviava uma mensagem que merecia minha atenção. A atendente percebendo que dali não sairia uma decisão muito veloz, partiu para outra mesa em busca de um pedido que pudesse anotar. Resolvi então dar uma espiada na telinha pequena e cheia de arranhões do aparelho portátil. Ergui as sobrancelhas e arregalei os olhos. Não poderia ser. Mas eu só conhecia uma pessoa com aquele código DDD, comecei a ler a mensagem e rir foi inevitável.

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