quarta-feira, 13 de outubro de 2010

O solitário da noite

Ele se sente um boêmio nato. Aproveita qualquer brecha e sai pela madrugada a vagabundiar pelas ruas escuras da cidade. Mexe com as fêmeas distraídas e faz tentativas frustradas de uma noite de amor. Elas o desprezam. Seus olhos cor de mel, com certo ar carente, não comovem mais as garotas como antes. Para essa nova geração, amor é uma questão de cheiro e ele, de longe, aponta para um aroma indescritível: o de um perdedor.

Ele não tem nada a oferecer. Nem virilidade, nem bens materiais, nem compromisso. Ele é um solitário da noite, sem amigos, sem destino. Nunca se sabe para onde vai, ele simplesmente some na neblina da noite em busca de liberdade. A noite é seu momento de fuga. Na rua comprida e completamente vazia não há portões, não há o chamado de ninguém, é onde reina. Sente-se tão poderoso e imponente quanto um lobo uivando para sua lua cheia.

Ele vaga pelas sombras sem incomodar ninguém, anda por horas e quando se cansa, volta. Ele entra então em casa, pé ante pé, e vai atrás de sua cama quente e da comida no prato. Dorme até tarde, busca chamego, e à noite Tobi vira Rex e encara o personagem “vira-latas mau caráter” e segue rumo a sua vida de boêmio da noite.

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