domingo, 24 de outubro de 2010

O Corpo

Ontem, vi um corpo. Ele estava na rua, braço jogado para o lado, como nesses filmes policiais que a gente vê. Mas esse era de verdade, não era ator, nem sangue de mentira. Um lençol, já ensanguentado, cobria seu rosto e parte do que dava. Luzes vermelhas iluminavam os rostos curiosos que se aglomeravam para ver o acidente. Vi as sirenes ao longe e, imaginando ser uma blitz, me assegurei que todos estivessem de cinto. Mas ao chegar perto, percebi que havia algo errado, não era simplesmente uma blitz. Olhei não mais que cinco segundos e lá estava o corpo estirado no chão. Aquilo me invadiu por dentro.

Continue lendo…

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

O solitário da noite

Ele se sente um boêmio nato. Aproveita qualquer brecha e sai pela madrugada a vagabundiar pelas ruas escuras da cidade. Mexe com as fêmeas distraídas e faz tentativas frustradas de uma noite de amor. Elas o desprezam. Seus olhos cor de mel, com certo ar carente, não comovem mais as garotas como antes. Para essa nova geração, amor é uma questão de cheiro e ele, de longe, aponta para um aroma indescritível: o de um perdedor.

Continue lendo…